MADRI, 8 de nov de 2019 às 17:30
O Cardeal Robert Sarah, Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, apresentou em Madri (Espanha) o XXI Congresso Católicos e Vida Pública com uma apresentação sobre “a importância da educação na missão da Igreja de hoje".
Este congresso organizado pela Associação Católica de Propagandistas ocorrerá em Madri, de 15 a 17 de novembro, sob o lema “liberdade para educar, liberdade para escolher”.
Durante sua apresentação, o Cardeal explicou a importância de que a Igreja seja “Mater et Magistra”, isto é, mãe e mestra, e exerça “sua missão educativa de acordo com a modalidade materna”.
Assegurou que “algumas pessoas gostariam que a Igreja se centrasse exclusivamente no exercício da misericórdia, no trabalho de reduzir ou inclusive erradicar a pobreza, na acolhida aos migrantes, na acolhida e acompanhamento dos ‘feridos da vida’”, mas destacou que embora isso seja algo necessário, também o é, inclusive mais do que tudo, “trabalhar contracorrente para evitar que tantos homens e mulheres fiquem feridos em seus corpos, suas almas, sua inteligência, sua afetividade”. Recordou que, para isso, “a educação é a melhor prevenção” e trata-se de um exercício da “justiça e da misericórdia”.
O Cardeal Sarah assinalou que atualmente "a educação e as estruturas escolares estão impregnadas dessa atmosfera ateia ou de indiferença a questões religiosas ou morais e de rejeição à Transcendência, ao Absoluto e a Deus".
Por isso, encorajou a que “neste contexto de secularização muito avançada e inclusive completa”, a ação da Igreja se situe na educação católica, porque esta “está intrinsecamente ligada à evangelização. Um anúncio do Evangelho que negligencie a dimensão humana não seria fiel à lógica do Verbo Encarnado”.
"O que está em jogo na educação é, portanto, um dos fundamentos da vida cristã: o encontro entre a graça divina e a natureza humana”, assegurou o Cardeal.
Para realizá-lo, "é necessário ser capaz de fazer um discernimento crítico sobre os espíritos que se movem em nossos dias", uma vez que todos "não são de Deus", por isso encorajou "qualquer educador e qualquer pai para que formem sua inteligência e consciência moral para poder cumprir sua missão no contexto de nosso mundo pós-moderno”.
Também identificou alguns dos obstáculos "mais preocupantes", como "a confusão sobre a identidade sexual da pessoa humana e o ofuscamento da diferença e complementaridade entre homens e mulheres".
Entre eles também está "a desestruturação da identidade sexual que é frequentemente chamada de ‘teoria de gênero’, contra a qual o Papa Francisco tem palavras duríssimas e uma atitude de intolerância absoluta".
Além disso, destacou que a desconexão que a pílula contraceptiva trouxe entre o ato conjugal, a dimensão procriadora e a dimensão unitiva "gerou simultaneamente a tecnização da procriação, reprodução assistida e a legitimação social da homossexualidade”.
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Dessa maneira, foi criada uma "redefinição da identidade sexual, considerando-a puramente construída" e "em nome da luta contra as "discriminações" daqueles que seriam vítimas das “minorias sexuais", os agentes da subversão antropológica tomam como reféns em suas reivindicações as autoridades públicas e o legislador”.
O Purpurado disse que “em nome de 'igualdade' e da 'liberdade', exigem que todo discurso social, especialmente nas escolas e nos meios de comunicação, seja 'respeitoso' com a indeterminação sexual dos indivíduos e a livre escolha de sua identidade".
Denunciou que “não se trata mais de reivindicar tolerância, trata-se de impor uma nova concepção do ser humano”, porque “sob a aparência de liberdade, essa desconstrução a serviço de um construtivismo radical pode ser comparada com as tentativas totalitárias de produzir um 'novo homem‘” e as principais vítimas são principalmente “as crianças, cujos pais, permeáveis aos lemas libertários e enfeitiçados pelas sereias contemporâneas, não apoiam o crescimento humano e a formação de sua afetividade sexual”.
Por isso, recordou "a responsabilidade da Igreja que está mais comprometida do que nunca em promover a verdade da pessoa", pois possuiu um “rico magistério sobre a dignidade da mulher, sobre a bondade do matrimônio e da família no plano divino”.
Também explicou que "a crise na educação provém evidentemente do constante questionamento dos valores fundamentais que durante milhares de anos apoiaram, ensinaram, educaram e estruturaram o homem internamente”. E perguntou “o que importa que os jovens estejam altamente educados se não têm razão para viver”, “se não aprenderam a ser homens plenamente livres, leais e conscientes”.
Nesse sentido, incentivou os educadores a ajudarem os alunos a entrarem em um "círculo virtuoso" no qual "a lei natural", ou seja, a inclinação natural para o bem, o certo e o verdadeiro, seja a base da sua humanidade.
Diante do que chamou de "crise antropológica e moral sem precedentes", o Cardeal Sarah pediu que "a Igreja assuma uma maior responsabilidade e compromisso para propor seu ensinamento doutrinal e moral de maneira clara, precisa e firme".
Além disso, assegurou que "a Igreja tem o dever de assumir um papel substituto para compensar o colapso de setores inteiros da sociedade civil e das autoridades públicas" e afirmou que, "mais do que nunca, os batizados devem ser conscientes de que a educação está no coração da nova evangelização. A Igreja possui tesouros sobre a arte de educar”.
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— ACI Digital (@acidigital) August 21, 2017